quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Tempo de reação x reflexo

Inúmeros atributos são necessários para que seja um bom goleiro, como velocidade, agilidade, coordenação motora etc., sejam esses atributos físicos, técnicos, táticos ou psicológicos, pois um grande goleiro necessita dessas qualidades. Nessa postagem vou escrever um pouco sobre uma qualidade muito importante para o goleiro, o tempo de reação, que é o tempo que decorre da apresentação de um estímulo ao início da ação motora em resposta a este estímulo externo (SCHMIDT, 1988; SHIDOJI & MATSUNAGA, 1991). O tempo de reação, em outras palavras é o tempo em que o indivíduo percebe o estímulo até o momento que ele inicia uma reação motora a este, no caso do goleiro, um exemplo seria o goleiro perceber a ação do jogador atacante, como um chute, uma cabeçada e a partir desse estímulo ele iniciar o movimento para tentar executar a defesa. O tempo de reação é uma qualidade altamente treinável, pois é um movimento voluntário, o indivíduo que escolhe a resposta que irá executar.

O tempo de reação é muitas vezes confundido principalmente pelos setores de comunicação com o reflexo, que são respostas automáticas, involuntárias a um estímulo sensorial, ou seja, se o reflexo não é um estímulo voluntário, não tem como treiná-lo, ao contrário do tempo de reação.

O goleiro com um bom tempo de reação pode levar grande vantagem sobre o atacante em diversas situações, entre elas as jogadas cara a cara, onde quem tem maior vantagem é quem decide o que vai fazer após o estímulo do outro, percebe-se em vários jogos, onde o goleiro escolhe um lado e facilita o atacante que até o momento não sabia o que fazer e simplesmente chuta a bola onde o goleiro estava ou no lado oposto ao que o goleiro escolheu.

Das diversas situações que o goleiro tentou adivinhar o que o atacante ia fazer, ao invés de esperar o chute e acabou tomando o gol, a mais marcante foi do grande goleiro Barbosa, ex-goleiro do Vasco e da seleção brasileira na copa de 50. No segundo gol do Uruguai, o volante Julio Perez lança em velocidade o ponta direita Ghiggia, a jogada se desenha semelhante à do primeiro gol uruguaio, em que Ghiggia foi à linha de fundo e cruzou para Schiaffino completar para o gol com um sem pulo indefensável. Ghiggia segue o script e Barbosa dá um passo para a direita antecipando uma saída para o meio da área, preocupado com a aproximação de Schiaffino. Ghiggia então surpreende a todos com um chute direto. Barbosa chega a resvalar à bola, mas o passo que dera para fora do gol acabou por abrir um espaço que ele não pôde cobrir. Barbosa o maior goleiro que são Januário já conheceu ficou marcado pelo resto da vida, só por pensar que Ghiggia faria a mesma jogada do primeiro gol uruguaio ao invés de esperar o chute(Guilherme, 2006).

Referências:

MAGILL, Richard. Aprendizagem Motora : Conceitos e aplicações. 2ª edição. Ed. Edgard Blücher. São Paulo, 1984.

SHIDOJI, K.; MATSUNAGA, K. Reaction times for fine discrete movements. Perceptual and Motor Skills, Missoula, v.72, p.595-602, 1991.

SCHMIDT, R.A. Motor control and learning: a behavioral emphasis. 2nd ed. Champaing: Human Kinetics, 1988.

GUILHERME, Paulo. Goleiros: Heróis e Anti-Heróis da Camisa 1. Ed. Alameda. São Paulo, 2006.

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